Natal e pandemia – viver as festas em pleno sem pôr a saúde em risco

Natal é sinónimo de festas em família, refeições partilhadas e de manifestações de amor e carinho. Mas a covid-19 veio baralhar tudo e obrigar a repensar a tradição. A psicóloga Luísa Consciência alerta para o impacto na saúde mental e sugere formas de lidar com o momento.

Natal e Covid 19

É uma das festas mais aguardadas do ano, especialmente pelas crianças, e também uma das mais importantes do calendário, porque pressupõe o encontro de familiares e amigos. Mas é também uma das épocas a que normalmente se associa alguma ansiedade, tendo em conta os muitos preparativos necessários e as intermináveis listas de compras. Este ano, a situação é ainda mais complexa, porque a quadra decorre em plena pandemia de covid-19. E mesmo que as restrições possam abrandar nos dias de festa, também é verdade que o medo de contágio é real, o que torna a equação complexa, como confirma a psicóloga e psicoterapeuta Luísa Consciência, da clínica Safegene, em Oeiras: “Já existe impacto na saúde mental de algumas pessoas, decorrente da atual pandemia, em que o medo e a ansiedade passaram a estar mais presentes no quotidiano. O Natal, sendo um momento tradicionalmente de maior convívio presencial, vai evidenciar as restrições e inflacionar o impacto destas nas pessoas.”

Lidar com o stress natalício

De acordo com Luísa Consciência, “é expectável sentir-se algum nível de ansiedade, medo, preocupação e ter dificuldades em lidar com este momento desafiante”, sendo que “nesta quadra, as consequências diretas e indiretas da pandemia de covid-19 estão presentes em muitas famílias”.
Em relação à ansiedade, lembra que esta “se pode manifestar através de diversos sintomas e interfere na capacidade de regulação emocional, de pensar e de tomar decisões”. Entre os vários indícios de ansiedade, a especialista aponta “a aceleração dos batimentos cardíacos, respiração rápida, tensão ou rigidez muscular, dificuldade de concentração e memória, dificuldade de raciocínio e perda da objetividade, pensamentos catastróficos, medo de perder o controlo, irritação, impaciência, dores de cabeça, fadiga, insónia, entre outros”. A psicóloga adverte ainda que “estes sintomas estão presentes na forma como a pessoa interage consigo própria, com os outros e com a realidade”, pelo que é importante que cada um “identifique os seus sinais e procure adotar novos comportamentos pró-saúde e pró-sociais, promovendo a adaptação à nova realidade, mantendo-se em segurança, nos seus contextos”.

Impacto em quem já tem ansiedade ou depressão

O impacto de toda a situação que se vive atualmente tende a ser mais sentido por parte de quem apresenta já um quadro depressivo prévio e que, nas palavras de Luísa Consciência, “poderá vivenciar maior tristeza e/ou angústia agravadas pelas circunstâncias desta época natalícia”.
Por outro lado, refere que as pessoas que normalmente já tendem a evitar o contacto social ou que possuem conflitos não resolvidos com a família “poderão sentir um aparente alívio pela restrição atípica”. Contudo, a especialista realça que o mais adequado será antes “a resolução dos conflitos e a construção de relações interpessoais equilibradas, com convívio gratificante para todos os envolvidos”. “Quando não se está bem, é importante procurar ajuda para desenvolver competências no sentido de ter uma vida mais equilibrada, dentro da realidade de cada um, com relações afetivas salutares”, defende.

Como me posso preparar para enfrentar este Natal?

Luísa Consciência recomenda que quem padece de algum problema de saúde mental, como depressão ou ansiedade, deve “desenvolver e manter hábitos que ajudem no equilíbrio diário, independentemente do período natalício”, como os elencados de seguida. Mas os mesmos comportamentos podem – e devem – ser seguidos por toda a gente, independentemente da condição de saúde:

  • Alimentação moderada, evitando os excessos motivados pelos estados emocionais;
  • Momentos de lazer, aproveitando para fazer as atividades de que se gosta;
  • Praticar atividade física adequada à condição de cada um;
  • Horários de sono regulares, evitando trabalhar, ver televisão ou utilizar o telemóvel no espaço onde se dorme;
  • Ter uma rede de segurança constituída por familiares, amigos e profissionais;
  • Seguimento clínico regular, sempre que se justifique;
  • Procurar ajuda quando não conseguir manter os níveis mínimos de equilíbrio.

 

Como viver uma época plena de partilha e afeto

Ainda que grande parte das tradições de Natal possam este ano ter de ser repensadas, a verdade é que, como salienta Luísa Consciência, “a partilha de afetos não tem distância, esta é uma oportunidade de ressignificar relações”. Para tal, a profissional de saúde deixa algumas sugestões: “Sejam criativos, usando os meios disponíveis para quem está mais longe, por exemplo, utilizando os recursos tecnológicos, recuperando hábitos de escrita de cartas ou cartões de boas-festas para quem não esteja familiarizado com as tecnologias, gravar vídeos aos familiares distantes, realizar encontros familiares por videochamada, incentivar as crianças a gravar atividades para enviarem aos avós que não podem estar presentes, entre outras”. “Mesmo quem não tenha condições para desenvolver algumas destas atividades pode sempre pedir ajuda a alguém que se voluntarie para auxiliar”, acrescenta, evidenciando a importância da comunicação e partilha. Acima de tudo, é crucial que, apesar das circunstâncias, “se vivencie o momento da melhor forma possível”, afirma. Para tal, ajuda também “compreender que as práticas de higiene e as medidas de segurança implementadas têm como objetivo conter a propagação do vírus, sendo uma forma de cada um dar o seu contributo para a saúde de todos”.


Dicas para um bom (e seguro) Natal

Luísa Consciência partilha algumas dicas para que o atípico Natal de 2020 seja inesquecível pelos melhores motivos:

  • Seja criativo nas interações, sem se colocar em risco a si e aos outros, respeitando as medidas de segurança previstas;
  • Fale com pessoas com quem possa expressar os seus sentimentos;
  • Partilhe experiências;
  • Reserve tempo para cuidar de si;
  • Desdramatize, utilizando o humor. O humor pode ajudar a diminuir o stress e a ansiedade, relativizando as situações, sem com isso se tornar imprudente;
  • Corte com os pensamentos pessimistas;
  • Valorize os momentos de cada dia;
  • Aprenda a conviver com a incerteza que faz parte da vida;
  • Invista os seus esforços naquilo que pode controlar. 

 

Será que estou a precisar de ajuda profissional?

Esta é uma questão que pode surgir em determinados momentos da vida de qualquer pessoa, tendo em conta os desafios que se atravessam. Luísa Consciência destaca que “grande parte dos estados de ansiedade e tristeza são passageiros, passam ao fim de uns dias ou após uma a duas semanas, mas quando são persistentes em duração e interferem significativamente na vida quotidiana e no bem-estar, é melhor procurar ajuda profissional”. Estes são alguns sinais a que se deve estar atento:

  • Sentimentos de inquietação excessivos;
  • Ausência de controlo;
  • Ansiedade durante longos períodos, que estejam a impedir de funcionar e cumprir as rotinas diárias;
  • Irritação fácil nos relacionamentos mais próximos (filhos, cônjuge e pais);
  • Insónia recorrente;
  • Sentimentos de tristeza, infelicidade ou desespero;
  • Isolamento excessivo;
  • Falta de apetite, ausência de prazer nas atividades em que anteriormente sentia prazer.

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pelo Conselho Científico da AdvanceCare.

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